terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Teresa Salgueiro & Lusitânia Ensemble






SOPRANO DE VASTA EXTENSÃO VOCAL

A sua carreira iniciou-se inesperadamente, em 1986, quando dois dos fundadores do grupo (Rodrigo Leão e Gabriel Gomes) a descobriram quando cantava com um grupo de amigos numa mesa ao lado da deles, numa tasca do Bairro Alto, em Lisboa. Depois da sua primeira audição com Pedro Ayres Magalhães, outro dos fundadores do Madredeus, Teresa Salgueiro passou a ser a voz e, nas palavras de Magalhães, "a maior inspiração da música do grupo".

Teresa Salgueiro é uma soprano de vasta extensão vocal, tendo um talento inato para a música. Pode dizer-se que sua voz apesar de ter amadurecido continua a ter características típicas de uma soprano sobrette, pouca intensidade, doçura e agilidade. Sua formação musical deu-se ao longo dos primeiros anos de vida do Madredeus, quando cursou por dois anos aulas de canto, mas os compromissos internacionais do grupo acabaram por impedir que a cantora prosseguisse com uma educação musical formal.

A imagem de Teresa Salgueiro e do Madredeus confundem-se, pois a cantora tem sido fiel ao grupo desde o início. Em 2005, contudo, foi editada uma compilação de diversas participações e colaborações que fez com outros artistas. O trabalho, intitulado "Obrigado", conta com canções cuja variedade de estilos e de épocas de sua gravação mostram a versatilidade da cantora; entre outros, o álbum traz canções que Teresa Salgueiro gravou com o Madredeus, com o mestre da guitarra portuguesa António Chainho, com o tenor catalão Josep Carreras, com os cantores e compositores brasileiros Caetano Veloso e Zeca Baleiro (em um álbum de canções do compositor italiano Aldo Brizzi), com a dupla portuguesa Mário Laginha e Maria João, com o compositor galego Carlos Núñez, com o compositor italiano Angelo Branduardi e com o acordeonista japonês Coba, entre outros.

Em 2007, os Madredeus decidem fazer um ano sabático e os seus membros dedicam-se a projetos musicais paralelos. Teresa lançou, em fevereiro daquele ano, o álbum "Você e eu". Trata-se verdadeiramente do primeiro trabalho solo de Teresa Salgueiro, que revisita nele um repertório de grandes canções da Música Popular Brasileira: de Pixinguinha a Dorival Caymmi, passando por António Carlos Jobim e Chico Buarque.

Teresa apresentou, no mesmo ano, o espectáculo "La Serena" com temas cantados em várias línguas, acompanhada pelo Lusitânia Ensemble - um grupo de músicos, na sua maioria, da Orquestra Sinfônica Portuguesa. O concerto gerou um álbum, "La Serena", lançado em Portugal em outubro de 2007. No repertório do álbum, canções célebres de diversos países banhados pelo Oceano Atlântico e pelo Mediterrâneo.

Ainda em 2007, Teresa Salgueiro foi convidada a participar do álbum "Silence, Night and Dreams", do compositor polaco Zbigniew Preisner. No álbum, lançado pelo selo erudito EMI CLassics, Teresa Salgueiro tem uma participação destacada, interpretando peças em inglês e latim. Preisner, conhecido por suas colaborações com o cineasta polaco Kieslowski, afirmou ter composto "Silence, Night & Dreams" pensando na voz "pura e limpa e sem vibrato" de Teresa Salgueiro.

Em 28 de Novembro de 2007, o anúncio da saída de Teresa Salgueiro, Fernando Júdice e José Peixoto dos Madredeus tomou os fãs do grupo de surpresa.

Teresa Salgueiro afirmou que a sua saída se deve aos inúmeros compromissos profissionais surgidos a partir dos seus dois trabalhos individuais lançados em 2007, os quais impediriam a sua participação nos Madredeus.


Fotografias Zito Colaço

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

III Congresso Nacional de Economistas



"NADA É MAIS TRISTE QUE UM SER HUMANO MAIS ACOMODADO"
Sophia de Mello Brayner

O presidente da AMI, Fernando Nobre, criticou hoje a posição das associações patronais que se têm manifestado contra aumentos no salário mínimo nacional. Na sua intervenção no III Congresso Nacional de Economistas, Nobre considerou "completamente intolerável" que exista quem viva "com pensões de 300 ou menos euros por mês", e questionou toda a plateia se "acham que algum de nós viveria com 450 euros por mês?"

Numa intervenção que arrancou aplausos aos vários economistas presentes, Fernando Nobre disse que não podia tolerar "que exista quem viva com 450 euros por mês", apontando que se sente envergonhado com "as nossas reformas".

"Os números dizem 18% de pobres... Não me venham com isso. Não entram nestes números quem recebe os subsídios de inserção, complementos de reforça e outros. Garanto que em Portugal temos uma pobreza estruturada acima dos 40%, é outra coisa que me envergonha..." disse ainda.

"Quando oiço o patronato a dizer que o salário mínimo não pode subir.... algum de nós viveria com 450 euros por mês? Há que redistribuir, diminuir as diferenças. Há 100 jovens licenciados a sair do país por mês, enfrentamos uma nova onda emigratória que é tabu falar. Muitos jovens perderam a esperança e estão à procura de novos horizontes... e com razão", salientou Fernando Nobre.

O presidente da AMI, visivelmente emocionado com o apelo que tenta lançar aos economistas presentes no Funchal, pediu mesmo que "pensem mais do que dois minutos em tudo isto". Para Fernando Nobre "não é justo que alguém chegue à sua empresa e duplique o seu próprio salário ao mesmo tempo que faz uma redução de pessoal. Nada mais vai ficar na mesma", criticou, garantindo que a sociedade "não vai aceitar que tudo fique na mesma".

No final da sua intervenção, Fernando Nobre apontou baterias a uma pequena parte da plateia, composta por jovens estudantes, citando para isso Sophia de Mello Breyner. "Nada é mais triste que um ser humano mais acomodado", citou, virando-se depois para os jovens e desafiando-os: "Não se deixem acomodar. Sejam críticos, exigentes. A vossa geração será a primeira com menos do que os vossos pais".

Fernando Nobre ainda atacou todos aqueles que "acumulam reformas que podem chegar aos 20 mil euros quanto outros vivem com pensões de 130, 150 ou 200 euros... Não é um Estado viável! Sejamos mais humanos, inteligentes e sensíveis".

Fotografia Zito Colaço